sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Um Ponto Chic

Pátria do sanduíche Bauru, um marco ainda, mesmo na fase que dominou o Brasil, a dos hot-dogs e hamburgers, estes hoje tomando ares de comida refinada, com chefs consagrados.
Quase todo mundo conhece a história de Casimiro Pinto Neto, estudante de Direito, que certo dia de inspiração, disse “eureka”, e deu as dicas do primeiro Bauru, no Ponto Chic do Largo Paissandu.
Que continua lá, com suas mesmas arcadas. Contudo, minhas lembranças levam-me a um lugar mais elegante do que é hoje, com vitrais e baixo- relevos nas paredes. Ou estou misturando estação, tomando pedaços do Bar Viaducto, do Restaurante Dom...
Enfim, uma verdadeira Salada Paulista! Mas essa é a impressão que ficou, quando lá estivemos pelos anos 50. Meu pai havia nos levado, meu irmão e eu, a um jogo de seu querido São Paulo, no Pacaembu. E de saideira, fomos lanchar no Ponto Chic. E lá estava Leônidas da Silva, que não mais jogava, degustando seu sanduíche.
Pareceu-me um lugar solene e refinado. Chic, mesmo. Mas tantos bares, restaurantes e botecos se passaram desde então, que não posso garantir nada. E mesmo ao Ponto atual há muito que não vou, mea culpa, que preciso logo redimir. É preciso marcar o Ponto!
Filiais se estabeleceram em outros lugares da cidade. Uma delas, 
que muito freqüentamos era numa esquina da Avenida Ibirapuera, quase em frente ao Shopping. Perto de casa, e muito agradável. Com retratos de alguns de seus freqüentadores famosos, como Casimiro e Monteiro Lobato.
Foi ali que numa manhã, ao sairmos do bar, o tomador de conta nos informou da morte de Ayrton Senna.
Apesar do nome, a casa acabou fechando. Talvez pela concorrência brutal do shopping em frente. Reabriu na Alameda dos Arapanés, e ali fomos uma vez. Mas não durou muito.
Instituição tradicional do Centro, parece ter nascido para ali ficar, até o fim de seus dias. Transplantada para outros lugares, não é exatamente a mesma coisa. Parece que uma filial subsiste, e bem, no Largo Padre Péricles, e havia outra, não sei se ainda há, na Praça Oswaldo Cruz.
Mas nada como ir ao Paissandu, tirando da frente tantos fantasmas 
do passado, brigando por um lugar para estacionar, driblando mendigos e finalmente, ufa, pisar no velho Ponto Chic, como num oásis, um porto seguro no meio da tempestade.
E pedir, como fez o velho Casimiro, o sanduíche no pão francês sem miolo, com rosbife, queijo branco derretido e uma rodela de tomate. 
Sempre imitado, mas nunca igualado.
- Vê um Bauru aí!

Nenhum comentário:

Postar um comentário