sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Está despedido !

Todo dia acontece. Se não é no Brasil, é nos EUA, na China, no Japão, na Alemanha.
Demissão ficou mais comum que nascimento. Parece até que tem gente que já nasce demitida. E não tem choro; a crise corre solta pelo mundo, mais mortífera que o vírus H1N1. É a "marolinha", na verdade uma tsunami, da qual ninguém escapa.

Dito assim parece comum; é comum, notícias de demissões maciças chegam todos os dias, e não comovem mais muita gente. Mas quando a coisa é pessoal, é que sentimos a dor da situação, da qual ninguém está livre. 

Comigo foi por duas vezes. Em 36 anos de publicitário, pode-se considerar muito pouco. E pior, na mesma grande empresa, onde trabalhei em três ocasiões. Ah, desculpem, houve uma terceira, e última vez. Mas esta não vale: eu fazia bico numa agenciazinha, enquanto esperava que vencesse o prazo para ser demitido da grandona. 

É que faltavam 15 meses para minha aposentadoria; não podiam me dispensar, para não complicar o processo. É, ou era, ilegal. 
Tiveram então de se conformar comigo, recebendo ali e também na outra agencia, pequenina. 
Na multinacional eu não tinha mais condições de trabalho. 
Quando o prazo enfim venceu, e fui demitido da grande, também, e quase ao mesmo tempo, o fui da pequena.

Estranho ? Pois vocês ainda não viram nada. Costumam ser estranhas as demissões em publicidade, ou costumavam. 
Hoje devem ser bem mais normais, e corriqueiras. 

Na ALMAP, então na Pça. da República- naquele tempo as grandes agencias ficavam quase todas pelo belo Centro de São Paulo- de três em três meses chamavam uma fila de colegas. Desciam ao andar de baixo, e nunca mais eram vistos.
Todo mundo ficava de orelha em pé, mas não seria ali que chegaria minha hora. 

Numa sofisticada agencia dos Jardins, os sócios eram tão esnobes que não davam nenhuma satisfação aos demitidos.
Um deles, redator inconformado, teimou em obter satisfações com um dos donos. O elegantíssimo patrão mandou-o esperar. 
Foi ao banheiro da sala, demorou um tempão, e , simbólicamente, deu a descarga.
Aí se dignou a perguntar ao demitido: -Diga uma coisa; você sabe dançar?
-Não, respondeu o infeliz.
-Ah, é por isto então que foi dispensado !

Esta mesma agencia conheceu um tipo mais revoltado, temido por seus atos insensatos. Quando ele soube que seria demitido, não teve dúvidas: trouxe um revolver, e colocou-o bem em cima de sua mesa. 
E trabalhou ali por mais uns bons meses, pois ninguém ousava comunicar-lhe a má notícia.

As demissões, justas, e mais comumente injustas...
Uma de que soube recentemente foi a de uma ex-colega, redatora incompetente, bajuladora, lobista e arrogante, que se valia de sua beleza para se promover e sabotar os colegas. 

Assim, subiu a altos cargos de direção, mas por outro lado o tempo derrubava-lhe as papadas e celulites. Com a decadência do que era seu maior atributo, chegou sua vez de ser defenestrada.
Quando meu amigo contou isto, declarei- não sei, nem quero saber porque aconteceu. Seja como fôr, foi por JUSTA CAUSA !

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