sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O que fazer quando se foge da escola de datilografia?

Estive lendo no site o dedicado trabalho do uma pessoa, na formação de seus alunos de datilografia.
E pensei, com certa tristeza, que jamais seria um de seus formandos.
Simplesmente, eu não levava jeito com o teclado. E precisava decidir-me por uma profissão, pois o dinheiro que meu pai deixara ao falecer não era muito e estava sendo consumido rapidamente

E sem datilografia, nada feito! Onde iria trabalhar? Alguém equiparou o problema ao da computação, hoje em dia. Disse um parente - pára, rapaz, com essa história de desenho, isto não dá nada, o negócio mesmo é o comércio!

Rendi-me às circunstâncias, e eis-me na Escola Underwood, dedilhando aquelas pesadas máquinas enferrujadas, bem ao sopé da colina encimada pela Igreja de S.Geraldo, no Lgo.Padre Péricles, Perdizes. Mas preferiria estar no Cine Sta.Cecília, ali perto.

Bem que eu tentei. Não era só minha canhestrice ao teclado; outras forças se rebelavam, queriam um trabalho mais livre e individual, bem fora do horizonte exíguo de uma repartição.
A S D F G H J K L Ç...as letras ainda continuam as mesmas, porquê eu me rebelava contra as duras teclas? Fiquei ali uma semana, então saí para não mais voltar.

A primeira indicação de trabalho em publicidade partiu de um tio, que conhecia alguém no depto. comercial da Três Leões. Cruzei a Pça .Julio de Mesquita, aboletei-me numa cadeira...e eis listas e listas de peças para datilografar! Não era bem aquilo que esperava como publicidade. Então agradeci a boa vontade do chefe e saí, jurando nunca mais trabalhar, se possível, nesse tipo de ofício, enquanto cruzava as figueiras e chichás do Lgo. do Arouche.

Minha teimosia renderia frutos, como quando comecei minha Via Crucis numa agência de verdade. Relatei isto em "Emprêgo Al Primo Canto", neste site. Não foi fácil, mas aos poucos as coisas foram se encaixando, e ao contrário do que diziam os sábios tios, arte podia render dinheiro, e ainda abrir novas portas.

Comecei com desenho, parti para a ilustração, e enfim para a direção de arte, em criação de propaganda. Tive vários trabalhos premiados, em vários setores. Passados tantos anos, eis que vejo-me finalmente encarando as temidas teclas, embora mais suaves, de um computador.
Não sou bom ainda. Escrevo catando milho; a fuga da Escola Underwood deixou seqüelas, até hoje. Mas gosto de escrever, então isso facilita o trabalho.

Mas ainda gosto, muito mais, de um bom desenho ou pintura, e afinal não fiz muitas na vida, sempre sobrecarregada com prazos a cumprir e responsabilidades para com os patrões.
Mas, quem sabe, ainda dá tempo!Mãos à obra!

Um comentário:

  1. Também odiei datilografia,como também fugi de uma escola, que ficava na Rua Doze de Outubro perto das porteiras da Lapa.
    Adorei ler essa sua historia, pois mostrou que gente muito mais inteligente do que eu também odiava como eu odiei aqueles frios teclados. Me dou melhor com o teclado dos computadores eles são bem mais agradáveis. Mas como você mostrou a falta do conhecimento em datilografia é gritante. Parabéns

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