sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O verão sem fim

Este é o título de um livro de Hemingway, sobre uma temporada de touradas na Espanha. Mas bem poder-se-ia aplicar a São Paulo, sobre estes meses que passamos.
Talvez esteja ficando velho, e a memória me falhe, mas não lembro de coisa parecida antes. Não foi só o verão, mas, findo este, o outono, que entrou na mesma toada. Noites abafadas, tardes de ficar recolhido em casa, sob ventilação. 

Afinal, não moramos em Cuiabá, ou Salvador, e nosso agitado ritmo não pode ser bem exercido num clima destes. Cada vez que ouvimos falar em mudanças por aquecimento global, um paradoxal frio nos percorre a espinha. Que será do futuro, em que mundo terão de viver nossos filhos?

Infelizmente, somente agora a humanidade começa a ter um pingo de consciência do desastre, que, ao que parece, é mais iminente do que se supunha. Será mesmo? Ou não? Chegam notícias da invasão do mundo pelos carros chineses, a preço de banana, acabando com qualquer concorrência. Serão também vendidos nas galerias da 25 de Março e Av. Paulista? Invasão chinesa nunca foi coisa para brincadeiras...

Logo a China, conhecida há pouco tempo pela sua multidão de ciclistas, que nada poluíam.
E com certeza, nesse ritmo de Negócio da China, combustível e dispositivos anti-poluição serão as coisas menos relevantes. 
E o aquecimento, como ficará?

“Bate outra vez, com esperanças o meu coração, pois já está terminando o verão, enfim”...
Brisas mais frescas começam a soprar, afinal, sobre São Paulo, e saindo-se às ruas pode-se sentir com prazer uma fina camada de umidade entrando pelas narinas. Lembro-me de colegas publicitários, que adoravam, ou assim o apregoavam, um friozinho. 

–“Finalmente, os ares da civilização”, diziam. E num dia de apenas 10 graus, saiam de casa em mangas de camisa. É verdade que, em alguns casos, a camada de gordura amortecia o frio, como numa foca. Assim não vale.

Era como se fossem londrinos, ou berlinenses, nascidos nos trópicos por mero acaso.
Esquecendo-se totalmente de que o verão na Europa pode ser terrível, ainda pior. Só quem não passou um julho em Sevilha, ou um Ferragosto em Roma, pode imaginar que nossos irmãos do Velho Mundo vivam eternamente de brisas.

Mas está mais fresco, e chove fininho. Talvez o outono tenha mesmo chegado para ficar, ou será um falso outono, como já tivemos falsos invernos? Se assim for, teremos perdido uma das mais belas, e agradáveis estações do ano. E todas as estações perdidas não têm volta.

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