sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Os últimos dias de Pompéia

Quase sempre morei na zona sul. Exceto quando viemos para São Paulo e ficamos na região de Santa Cecília-Barra Funda, logo passei ao Planalto Paulista, e parecia não sair mais das imediações. 
Mas, a vida dá suas voltas, e numa delas, aluguei um pequeno apartamento na Pompéia.

Rua Cajaíba, um dos cumes daquela acidentada região, marcada por violentas ladeiras, picos e curvas no caminho, como se, noutras eras, cataclismos tivessem feito sua rota habitual por ali.
É, portanto, o ponto mais alto da Avenida Pompéia, que sobe abruptamente até ali e despenha-se rumo à Avenida Francisco Matarazzo. Logo a seguir, a igreja de N.Sra. de Pompéia e o hospital São Camilo.

Era um recomeço de vida, e na primeira vez em que o vi o apartamento pareceu-me enorme. Também, estava vazio. E ainda meio vazio continuou depois que casamos, e ali nos instalamos. Olhando a parte de trás, via-se, muito abaixo, uma ruela, na qual se faziam festas populares. Parecíamos estar num escarpado castelo, contemplando um mundo inteiramente novo.

Como costumo fazer, procuro prestigiar o bairro de moradia, então ficamos habitués do shopping e mercado Superbom, que fazia esquina com a Turiassú; de um Pão de Açúcar na Alfonso Bovero; de uma boa esfiharia das redondezas, onde se fazia a encomenda no balcão e era só esperar o trabalho de forno.

Márcia então ficou grávida, e por sorte a Dra. Angela, luminar da ginecologia ficava – e fica - na descida da Avenida Pompéia. 
Íamos muito ao Del Michelle, boa e simples trattoria na Turiassú, onde éramos atendidos pelo próprio Michelle, magrinho e falante, procedente de Tívoli.
Enquanto servia seu Filetto al Nerone, a sua volumosa esposa afadigava-se nos fogões.
Era um reduto palmeirense, quando mais não fosse, pela proximidade do Parque Antártica, e o famoso ex-craque uruguaio Villadoniga chegou a trabalhar ali como garçom.

Naquela época, era bem prática a localização, pois eu trabalhava na Rua General Jardim, e era um pulinho até ali. Hoje já seria um pulão. Mas esta temporada pompeiana estava já no fim.

Faltava um mês para o nascimento, e havíamos comprado uma casa no Planalto Paulista. 
Estava combinada a mudança para um sábado. Mas nossa filha, agitadinha como o pai, resolveu vir um mês antes. Então na véspera da mudança, madrugada da sexta, lá ia eu guiando pelas ruas tranqüilas até o Hospital 9 de Julho, onde Carolina nasceu as 3 da manhã.

No domingo, com a família ainda no hospital, foi-se o caminhão com nossas poucas coisas, rumo ao sul, onde virei-me como pude, para poder recebê-las.
Um ano apenas de Pompéia, mas uma vida toda de lembranças.

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