sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Vila Olímpia, quem te viu e quem te vê

No site existem pessoas, como Mário Lopomo, que conheceram uma 
Vila Olímpia rural, casinhas em meio a chácaras e terrenos baldios. Eu ainda cheguei a ver algo como isto, ou pelo menos os seus resíduos.

Um lugar tão pacato que, creio, só pode se encontrar hoje algo parecido na periferia. Campestre, mesmo. Separado do também precário Brooklin Novo pelo córrego da Traição, uma trilha que viraria a monstruosa Av. dos Bandeirantes.

Mas isto foi só o começo. Em 91, minha firma transferiu-se para lá, para uma enorme pirâmide de vidro na Gomes de Carvalho. Ainda restavam casinhas do antigo bairro, mas a pirâmide foi um dos marcos da corrida imobiliária.
Haviam poucos e pequenos restaurantes, geralmente de famílias que começavam a perceber as novas oportunidades, e ainda muitos botecos, como o do velho Seu João, na esquina.

De botequineiro acostumado a vender cachaça e cerveja, de repente Seu João começou a ter de adaptar-se aos exigentes pedidos de bom malte escocês, reclamado aos berros pelo Grande Chefe, vice-presidente de Criação de nossa empresa e seus eternos lobistas, que o seguiam até altas horas da noite. Nunca mais as coisas seriam as mesmas.

Nos meados dos anos noventa, quando saí de lá, as coisas ainda guardavam, inclusive no trânsito, um pouco da antiga tranqüilidade. 
Hoje, porém, tive de levar meu carro á sua concessionária, na Juscelino Kubistchek. Para evitar a Bandeirantes, tentei por dentro da Vila Olímpia.

A R. Ribeirão Claro, estreita, cheia de cruzamentos, e com estacionamento permitido nos dois lados, é , por absurdo que pareça, a principal via para atingir-se a Hélio Pellegrino. Nem deu para entrar nela, tão parada que estava.

Desci então a Gomes de Carvalho, e entrei na R. Funchal.
O trânsito estava desimpedido, mas fiquei atônito com o número de pessoas nas calçadas e cruzando as ruas, agora irreconhecíveis tal o conglomerado de prédios comerciais. 

Multidões famintas, pois era hora do almoço, buscando desesperadas uma vaga num dos inúmeros restaurantes, bares e lanchonetes, ainda assim insuficientes para tamanho apetite. Não me lembro de ter visto tanta gente em S. Paulo, a não ser nos bons tempos do Centro lá nos anos sessenta.

Guiando cautelosamente, para não atropelar ninguém, consegui chegar a ao início da Juscelino. Parar na concessionária? Nem pensar, os inúmeros carros entupindo a entrada, esparramando-se pelas calçadas. Seria um ato de Kamikase ou homem-bomba. 

Por sorte, meu problema mecânico não é serio, mas não pode ser resolvido por nosso mecânico de tantos anos. Assim, vou ter de marcar hora na concessionária, também despreparada para estas multidões, e esperar, como num posto do INSS...sabe-se lá até quando!

Em poucos minutos de percurso, um instantâneo do que virou nossa Vila Olímpia.

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