Ainda falta um tempinho, mas logo ele está aí. Este ano, praticamente, já acabou.
Aqui as coisas, freneticamente, vão se adiantando às suas datas respectivas.
Tem gente que andou comprando para o Natal já em Setembro. Há muito as varandas exibem seus Papais Noeis puxando o indispensável saco.
Logo inicia-se a contagem regressiva para um novo ano, mais um!
As televisões varrendo o mundo em sentido leste-oeste, começarão a mostrar as comemorações: na Nova Zelândia, na Austrália, e por aí vai. Implacável, o Ano Novo começa a sobrevoar o Japão, China, Rússia e avança sobre a Europa.
Uma cruzada sobre o Atlântico, e estará, mais uma vez, sobre nós.
Novamente, uma época de reflexão e balanço, e, inevitavelmente, começamos a pensar nos fantasmas dos finais de ano que se foram. Alguns discretos e intimistas, outros ruidosos e cheios de brilhos e cores.
Uma vez, a Criação da grande agência onde eu trabalhava resolveu fazer uma bela festa conjunta com outra, esta menor, mas também cheia de talentos, muitos dos quais amigos em comum. As duas equipes de Criação reuniram-se no andar superior do Piazza Colonna, na R.Maranhão, e lotaram uma enorme mesa.
Após as primeiras e carinhosas palavras de confraternização, surgiu de profundezas insondáveis um inesperado, mas sutil e venenoso espírito de rivalidade. Não estava no programa, mas já existia, sub-repticiamente. Animados pelos primeiros e fartos comes e bebes, as equipes passaram a se desafiar, cada qual oferecendo à outra rodadas de drinks sucessivamente mais finos, raros e caros.
"-Olhem, seus michos, o que o nosso pessoal costuma tomar!"
"-Sambuca? Isso é uma droga!""-Jack Daniels? Blearrgh!"
O Grande Chefe,trabalhando agora na outra equipe, inquiria junto ao garçon:"-Napoleón? Mas isto é caro?" "
-É muito bom, senhor!" "-Não interessa, se não for caro eu não quero!"
Nesta altura, achei que a coisa estava passando dos limites, e retirei-me, sob vaias.
Como contraste radical, lembro uma outra passagem de ano, bem anterior a esta.
Meu amigo Julio Shimamoto,que tinha feito parte da turma do Martinelli, ligou-me, no meio da tarde:"-Como é, vamos fazer um brinde?” Ele era diretor de arte numa pequena agência na R.Amaral Gurgel.
Eu estava de férias coletivas, e assim fui para lá. Atravessamos a rua, e nos abancamos no lugar mais decente o possível, nas redondezas: uma grande padaria,em frente à "Casa do Artista", loja de desenho e pintura, da R.Major Sertorio.
E ali, no balcão, com sanduíches e refrigerantes, fizemos nossa simples, mas sincera comemoração.
Talvez com outro nome e donos, a padaria ainda existe, e nossa amizade também!
Tantas lembranças de finais de anos, alguns quase totalmente esquecidos. E sempre a mesma esperança de, magicamente, acordarmos, na nova manhã, melhores e num mundo mais tranqüilo.
Que assim seja!
Há 8 anos
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