domingo, 21 de fevereiro de 2010

Milagres do dia a dia

Existem milagres? Se sim, como e quando eles funcionam? No meio de tantas tragédias do mundo, de repente parece que fomos sorteados pelos céus...

Minha vida estava um bocado complicada. Estava saindo de uma péssima experiência conjugal. Foi quando conheci Márcia, em 74, por um acaso extraordinário,e dois anos depois nos casaríamos. Mas isto é apenas o começo desta história.

Eu trabalhava com criação de publicidade numa agência da R.Veiga Filho,em Higienópolis. Estávamos agora em 75, eu tinha muito trabalho, ganhava pouco e os bons serviços não tinham nenhum reconhecimento pelos sócios da firma.

Chegou a um ponto que não suportava a mesquinharia do lugar, e decidi que teria de sair. Ou isto ou ficaria muito doente. Mas, como? Era uma época de crise, de desemprego brabo - isto já naquele tempo. Profissionais mais experientes e afamados que eu estavam sem trabalho. E eu, na minha obssessão: iria arranjar outro emprego, custasse o que custasse.

Estava numa lanchonete chilena, ali perto, e deu-me um estalo: recentemente uma grande agência gaúcha, em expansão, fundira-se com uma paulista, que tinha como donos grandes talentos, mas com pouco tino comercial.E que estavam à beira da falência.

Então na verdade fôra uma compra; os gaúchos assumiram as dívidas e os talentos da agência paulista. Se há alguma chance, é aí, pensei. Um dos sócios paulistas - vamos chamá-lo de Armando - gostava muito de meu trabalho. Havíamos trabalhado juntos tempos atrás, mas há vários anos eu não o via, nem lhe falava.

Nem sabia onde ficava a nova firma; um estagiário procurou na lista e achou um endereço nos Jardins. Vou lá, eu disse. Mas entra trabalho e mais trabalho, e não fui.

No dia seguinte, passa uma contata de uma produtora. Ia à nova agência, que, afinal, ficava perto da minha,ali mesmo no bairro!
Que coincidencia! -Ah, agora,sim, eu vou lá! Mas, entra mais trabalho ainda, e embora eu não esquecesse a nova agência, acabei não indo.

Terceiro dia: estava perdido em meio aos pedidos de trabalho (jobs), quando toca o telefone,e eu até pressenti o que era: o Armando, me chamando para a nova firma! E ainda teve de pesquisar, pois nem sabia onde me encontrar!

É claro que fui para lá. Foram, profissionalmente, os mais felizes, os dois anos que trabalhei ali. Fiz grandes amigos, tive muitas campanhas premiadas,nacional e internacionalmente. Fazia terapia, e o analista declarou: você mudou de mulher, de emprêgo, de casa, de carro! Você não precisa mais de mim!

Se a vida fosse sempre assim, hem? Mas só ter participado desses fatos - para mim, miraculosos - já foi uma experiência que enriqueceria todo o meu caminho pela frente.

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